domingo, 30 de janeiro de 2022

O imperialismo está à espreita desde Harvard


Tremenda furada comemorar efemérides. Os nossos, como Brizola, são celebrados todos os dias. Já o Ciro Gomes é muito lero-lero de Harvard, muito discurso colonizado que só tem prejudicado a vida dos brasileiros. O imperialismo, via Harvard, só faz mal. O imperialismo é inimigo desde sempre. Bautista Vidal já provou disso na carne, pois foi dos EUA que veio a ordem de interromper o pró-álcool. Cuidado com essa Kamala, que também veio de Harvard. Este é o tema do comentário de Gilberto Felisberto  Vasconcellos,  veiculado no programa Campo de Peixe, da Rádio Campeche,   conduzido  pela jornalista Elaine Tavares. (29.01.22)

Olavo de Carvalho, o Gramsci de Jair Bolsonaro


Foto: reprodução do Youtube

O bolsonarismo requer uma abordagem psicanalítica para retratar a libido sexualis da direita desde o integralismo na década de 30. 

Enlaçados estão o gesto e a fala da nevrosíaca Janaína Pascoal ao entrar na política depois de protagonizar o escândalo da Lava-jato. Teatro. 

Dona Janaína ficou conhecida na crônica jornalística como a mãe do diabo. Relembrem que o Diabo é um personagem masculino por excelência, não pertence ao universo feminino. 

Pela emissão sonora dos personagens da Lava-jato é possível detectar a região do corpo na qual se concentra a fala da anticorrupção: a zona anal. Analidade na acepção defecatória mais que a uretral e a mamária. Daí o caráter escatológico que se observa na fisionomia de todos os integrantes do governo Bolsonaro.  

Eu, o incorruptível; os outros, sujos e tarados. O estágio sádico-anal revela a combinação de fezes e dinheiro.

Qual é o motivo da perseguição póstuma a Antonio Gramsci? Por que este pensador humanista tornou-se o Exu da direita brasileira? 

Educação é luta de classes. Não existe pedagogia desconectada do antagonismo entre capitalistas e trabalhadores, ou seja, quem vive de lucro e quem vive de salário. 

Em 1926 Antonio Gramsci era membro do parlamento, e acusado pelo professor Benito Mussolini, foi preso em 1928 e morreu em 1937 no cárcere.  

Mussolini fez de tudo para impedir que as ideias gramscinianas fossem conhecidas. Em 1949 seus escritos foram publicados com o título Os Intelectuais e a Organização da Cultura. Causou impacto sua concepção sobre o nacional-popular. 

A divisa inteligente da assimilação de Gramsci na Itália se deu com o poeta Pier Paolo Pasolini – que acusava são Paulo de ter sido sexofóbico e homofóbico; embora o fundador da Igreja fosse homossexual. Enterrado no Cemitério dos Ingleses em Roma, Pasolini o revisitou no poema As Cinzas de Gramsci, uma reflexão marxista feita em poema sonata.  

Ao contrário de Arthur Rimbaud que por delicadeza perdeu a vida, poder-se-ia dizer no caso de Olavo de Carvalho que, por grossura, ele subiu na vida indo morar nos EUA. Depois que o capitão entrou em cena, os seus livros alcançaram alta vendagem na internet. Os filhos do presidente propagavam que tiveram aulas particulares com o “filósofo”, como ele gostava de se autointitular. 

 Ninguém dos bolsonaros tem a menor ideia da crítica de Gramsci à ortodoxia stalinista da política cultural. Os hermanos Bolsonaro falam de Gramsci com bazuca na mão. 

 Na homilia pornô do desbocado Olavo de Carvalho Gramsci era um bandido comunista travestido de cristão. O desejo secreto dele era mandar pôr no pau de arara quem mencionasse Marx, Croce e Gramsci nas universidades.

Antonio Gramsci foi lido na Europa depois da Segunda Guerra Mundial com o objetivo de encontrar uma via nacional do socialismo que não fosse stalinista, e simultaneamente elaborar a oposição contra o perigo do fascismo.

A reserva mental do fascismo é uma ameaça permanente que ronda a Itália, sobretudo com a fusão de polícia e jurisprudência, reproduzida hoje aqui pelos carrascos de Curitiba, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol. 

Francisco Weffort e o seu discípulo José Álvaro Moisés leram mal Gramsci. Atucanaram-no. Equívoco cometido por Norberto Bobbio é sublinhar a independência da cultura em relação à política. 

 Quase não há declaração do governo Bolsonaro na qual o nome de Gramsci não seja evocado com nojo e repugnância. Por que a mesma raiva não se estende a Lênin, Trotsky, Lukács, Labriola, Paul Baran, Brecht e Pasolini? 

Para Olavo de Carvalho, o hermeneuta do pensamento de Jair Bolsonaro, os intelectuais marxistas não prestam, são burros, imbecis, cretinos, desonestos e corruptos. Por exemplo, Marcuse da Escola de Frankfurt é um autor perverso que predica o incesto, aconselha a mancebia entre pai e filha, aplaude o incesto como ato antissocial que solapa a civilização judaico-cristã. Precursor do kit-gay, atormentado pelo desejo do incesto, transgressor, tarado sexual, que vê com bons olhos o pai bolinando a filha, a mãe namorando o pênis do filho, Marcuse não tinha respeito pela família. Um canibal. Segundo o cardeal Olavo de Carvalho o objetivo dos comunistas era depravar a família. 

Um dos filhos de Bolsonaro (não sabemos se 01 ou 02) perguntou se Marcuse era homossexual. Olavo de Carvalho retrucou que a esquerda brasileira padecia de uma catarreira com fedor insuportável. É essa esquerda hipogástrica que admira Marcuse porque esse comunista safado quer eliminar o tabu do incesto. O filho 03 tinha dúvida se o comunista mais daninho à pátria e à família era Gramsci ou Marcuse. 

Na rede social foi publicado o vexame quanto à prosódia (pronúncia correta das palavras), porquanto a família bolsonara não é capaz de soletrar o nome de Gramsci a não ser assim: Gramíxi. 

Olavo de Carvalho abominava menos Marcuse que Gramsci, porque este é mais conhecido nos colégios e universidades. Marcuse não era tão lido pela gurizada.  

O presidente da República ficou tão encucado com ódio ao pensador italiano como se este fosse o criador do PT em São Paulo. De tanto os bolsonecos meterem o sarrafo em Gramsci, este ficou mais conhecido que Coca-Cola. 

O catolicão Olavo de Carvalho, que não se compara a Gustavo Corção e Tristão de Ataíde, identificava Gramsci com o PT. Errada essa identificação, pois o PT na verdade converteu o socialismo de Gramsci em catolicismo. O burguês cristão. 

Futuro sombrio de um governo cujo guia espiritual era um falsário que nunca esteve preocupado com a sorte do povo. Olavo de Carvalho era pietà zero, ainda que se apresentasse como soldado de Cristo. Ele, ao contrário de Epicuro, não era amigo do mundo, portanto não poderia ser humanista. Detestava o povo e o Brasil. 

O liberalismo de perfil cristão de Olavo de Carvalho deu o golpe de 64 para entregar o país às multinacionais. Repetia a palavra de ordem do gringo Steve Bannon contra o globalismo. Era o discurso mula sem cabeça porque a multinacional é o agente do capital globalizado. Nunca falou ou escreveu uma linha sequer contra o domínio das multinacionais. Olavo de Carvalho não tinha absolutamente nada de nacionalista e muito menos de populista, se este for entendido como aquele que ama o povo. 

O gramsciniano Pasolini em seu filme Saló, que antecipa o retrato psicológico de Olavo de Carvalho, colocou na boca de um de seus personagens: “nós fascistas somos o ponto de encontro entre o máximo de autocratismo com o máximo de anarquia”. 

 Gramsci em 1915 optou pelo socialismo e, depois em 1929, criticou a Igreja Católica por aplaudir o vitorioso Mussolini. 

Olavo de Carvalho achava que os professores comunistas não trabalhavam e mamavam nas tetas do Estado. Nos EUA mentia que havia sido professor da PUC no Paraná. Por ter conseguido o que almejou no mundo editorial, um montão de otários coletivos o seguiam na internet. Surpreendente ter ele saltado do barco Bolsonaro dando tiros a torto e a direito, tal qual Bannon fez com Trump, abrindo o jogo que o genro trumpinho estava metendo a mão no tesouro. 

Steve Bannon foi o Lincoln Gordon nas eleições de 2018, muito mais maligno que o embaixador norte-americano por causa da amplitude da mídia. 

Em cada época histórica temos de nos ocupar com determinados tipos abomináveis. Marx reclamou disso no livro 18 Brumário: chatice é ter que tratar do medíocre Luís Bonaparte. O galego Steve Bannon foi o estrategista da campanha de Trump.

Em campanha eleitoral não há escrúpulo, vale tudo. Embora vindo da senzala, Steve Bannon é um burguês racista. A campanha eleitoral se faz com mentira, medo e beligerância. 

 Steve Bannon, o ariano hedonista, não fez sucesso na Bahia. Em relação aos autores vivos e mortos, Olavo de Carvalho dizia o seguinte: bom mesmo sou eu, só eu. Eu sou irresistível, eu faço e arrebento, eu indico e desindico os ministros de Jair Bolsonaro. Eu faço a cabeça dos milicos das Agulhas Negras. Já coloquei o Araújo no Itamaraty. Nem o diplomata José Guilherme Merquior da Academia Brasileira de Letras, de quem ele plagiou mal a reflexão sobre Gramsci, foi capaz de ter um poder igual junto a Fernando Collor. Merquior participou dos banquetes opíparos de Roberto Campos e, de todos os “marxistas ocidentais”, teve simpatia por Gramsci. 

Roberto Campos na década de 90 viu Olavo de Carvalho como bucha de canhão do imperialismo por ser ele ambicioso e de origem pobre.  

Os amigos de Palmiro Togliatti jamais poderiam imaginar que Gramsci seria objeto de ódio quase todos os dias por aqui. José Guilherme Merquior foi o mais prestigiado e prestigioso liberal que passou pelo Itamaraty. Olavo de Carvalho morria de inveja e não escondia as divergências com o iluminista José Guilherme Merquior, homem fino, culto, entendido em psicanálise, essa ciência charlatã que quer suprimir Deus e a família. Para Olavo de Carvalho o inconsciente é uma invenção diabólica de Freud para justificar os atos e gestos dos ateus canalhas. É a falta de Igreja que leva a humanidade a procurar o divã. Melhor do que consultar psicanalista seria pagar o dízimo a Edir Macedo. 

Roberto Campos gostava de fazer piadinha com Marx e Freud, a combinação de inconsciente e comunismo. Acusaram Haddad de “freudomarxista” por querer implantar o kit-gay com a mamadeira de piroca na adolescência colegial. 

O “falo” sem gozo de Olavo perdia as estribeiras cioso de sua macheza quando lhe lembravam que Platão era homossexual. Nunca abriu o jogo se Roberto Campos era ou não chegado a uma suruba livre cambista na Avenida Paulista. From Mato Grosso, o ex-seminarista de Guaxupé, foi o único “gênio” que ele adorava sem restrição. Follow the money. 

 Na alternativa católica entre o pecado e a graça, muitas vezes é necessária a tortura. Quanto mais tosco, grosseiro e violento era Olavo de Carvalho, mais ganhava fama e prestígio interferindo no governo Bolsonaro.

Sérgio Moro anti-Gramsci, tal qual Olavo de Carvalho, admira os remanescentes dos camisas pretas no judiciário italiano: o inferno capitalista é melhor do que qualquer paraíso socialista. 

Olavo de Carvalho nunca formulou a pergunta que lhe era desagradável e irrespondível sobre os traidores de Jair Bolsonaro. 

Os livros de Olavo de Carvalho são fugazes como um efêmero sucesso sertanejo universitário. O problema é que ele fez a cabeça cretina do poder. Ninguém mais se lembra do general Golbery assoprando novidades geopolíticas para os generais de 1964. A questão é a fisionomia intelectual do poder. O governo que colocou Deus acima do Pão de Açúcar segue o roteiro baixo nível de Olavo de Carvalho.

  A eficácia whatsapp à Olavo de Carvalho consistia em vender mentira e espalhar o terror. O seu pendor miliciano afetou sua maneira de ver Antonio Gramsci. Herbert Marcuse, aluno de Edmund Hurssel e Martin Heidegger, depois colega de Theodor Adorno e Max Horkheimer, lamentavelmente conseguiu, segundo Olavo de Carvalho, fugir da Alemanha hitlerista. Foi um vacilo da polícia de Hitler. A guarda hitlerista vacilou, não deveria ter deixado Marcuse escapar da câmara de gás e do campo de concentração. Nesse aspecto a repressão mussoliniana foi mais diligente em relação a Gramsci, o qual deveria ser eliminado por conceber a escola como uma maneira de subtrair-se à hegemonia cultural burguesa. 

Ninguém reparou que Olavo de Carvalho era coroinha de Edir Macedo. Vociferavam em uníssono: maldito Sófocles com seu Édipo. Vamos proibir a tragédia grega nos colégios para pôr fim à masturbação da gurizada que pode mais tarde virar trotskista. Quem se masturba não reza, não se flagela, não se humilha, não curte o sofrimento. A campanha de Jair Bolsonaro foi feita com o fantasma do onanismo infantil. O kit-gay estimula a molecada a se masturbar sem culpa. 

Steve Bannon deu a dica da maldade para os bolsonecos: vamos divulgar que a criança é um ser sagrado que não tem sexo. O povo não conhece Sigmund Freud, o povo brasileiro é educado no sino de igreja. Os hermanos Bolsonaro foram a Nova Iorque ouvir a preleção do midiólogo de Trump. O PT é kit-gay. As crianças masturbam-se logo nos primeiros dias posteriores ao nascimento. Os professores marxistas querem tirar a inocência da infância, a pureza que os adultos não têm mais. Façamos um pênis de plástico simulando uma mamadeira petista a fim de passar na TV Record do Bishop Edir Macedo.  

Olavo de Carvalho advertia que o inimigo era George Soros, o bilionário aliado aos marxistas, para quem o prazer pode existir sem pecado.

 A norte-americanização imperialista foi preconizada por Olavo de Cavalho que pousava de chapéu de caubói. Há que se estigmatizar os professores entusiastas de Nietzsche que consideram a religião uma neurose fundada no jejum e na abstinência sexual. Olavo de Carvalho não tinha o menor constrangimento em cortar-lhes o emprego e o salário. 

Janaína Pascoal não nasceu adulta e antimarxista em sua fúria contra o delituoso. É por essa fúria contra o delito (o criminal é o marxismo) que ela virou “protagonista” olavista de Carvalho. A malandragem da ascensão social. De professora a deputada. Seu orientador de tese, Miguel Reale Júnior, que veio de descendência integralista, considera que o dinheiro não tem cheiro. Não é por acaso que Olavo de Carvalho adorava o velho integralista Miguel Reale. Atenção, ponho aqui o reparo de que não poderá existir Gramsci que seja reacionário. 

 Olavo de Carvalho propagava a lorota de que um dia ele tinha sido marxista. 


segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

O morto Leonel Brizola dança e delira conosco


 Foto: Ricardo Chaves (1974)

O chão que pisamos não é mais nosso. Tudo privatizado, tudo no prego. O povo cada vez mais pobre enquanto as multinacionais vão enricando. A Fiesp granfina come na mão dos estrangeiros. O judiciário também. Em 1964 o Exército brasileiro foi o exército da ocupação estrangeira. Leonel de Moura Brizola sempre esteve na luta contra a entrega do Brasil. Sua luta foi antimperialista e nacionalista. No dia em que se celebra os 100 anos deste extraordinário político nacional, este é o tema do comentário de Gilberto Felisberto Vasconcellos, veiculado no programa Campo de Peixe, da Rádio Campeche,  conduzido pela jornalista Elaine Tavares.  (22.01.22)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Leonel Brizola daqui a 100 anos


                                                               Foto: Ana Nascimento/ABr

Não hesitarei em abordar os motivos históricos do fracasso de Leonel Brizola por não ter chegado à presidência da República. Foi governador duas vezes no Rio de Janeiro e uma vez no Rio Grande do Sul. 

É difícil apontar depois da morte de Leonel Brizola o nome que conduzirá o seu legado adiante. Não só por faltarem líderes com suas qualidades subjetivas, mas também por causa da inexistência de partido político com programática nacionalista e anti-imperialista. 

O líder precisa de partido e o partido é moldado pelo líder. 

Neste cerimonial elegíaco que se chama efeméride eu quero sublinhar o desconhecimento, para não dizer a ignorância, sobre o homem e sua atuação na história do Brasil depois de findar a Segunda Guerra Mundial. 

Nascido em 1922 entrou na política em 1945, ano-chave no Brasil e no mundo. Ponto de inflexão na história do capitalismo e do imperialismo. Não se esqueçam de que é nessa data que surge a televisão norte-americana que será fundamental em todas as formas eletrônicas da comunicação até o Whatsapp. 

Sobre Leonel Brizola o que se fala é ligeiro e superficial, quase sempre oportunista e patoteiro-eleitoral, o que reverbera um sentimento de rechaço psicológico por ter sido o que ele foi, um caráter forte e obstinado, muitas vezes dando murro em ponta de faca. É isso o que pensam os falsos brizolistas do amável clube trabalhista com visão anedótica. E mais: não desgostaram de sua morte, aliás muita gente se deu bem depois da morte dele, trapaceando com o seu nome.

A artimanha vídeo-imperialista cogitou sobre o caráter transitório do homem que tinha talento para a liderança, mas que iria durar pouco sua influência porque não tinha um partido de massa estruturado na classe trabalhadora. Era isso o que se dizia de Leonel Brizola quando ainda estava vivo e lhe tiraram o PTB getuliano, ficando em São Paulo à deriva, o que ensejou a rachadura feita por Ivete Vargas com Golbery na criação do PT com o seu rival na figura de Luiz Inácio Lula, ou seja, “irmãos inimigos” na classe operária como dizia Karl Marx. 

O drama de Leonel Brizola anunciava-se com inveja de suas qualidades pessoais, e ao mesmo tempo, defrontando com as condições objetivas adversas. Capacidade subjetiva e obstáculo objetivo intransponível – essa era a fatalidade vista com júbilo por gente que não o queria no poder. Um pesadelo para a classe dominante e subalterna ao imperialismo.

De um lado apagar o brilho excepcional de um líder comprometido com a emancipação popular; por outro lado, apostar que sua morte arruinaria por completo o PDT, ou seja, torná-lo um partido pequeno-burguês medíocre como qualquer outro submetido ao vaivém oportunista das conjunturas. O combate foi implacável. O inimigo do imperialismo e de seus aliados internos infestados no Judiciário, Igreja, Universidade e bancos. 

Acrescente-se que o operariado videoidiotizado e sem consciência de classe ficou sem olhos e ouvidos para perceber a vocação socialista revolucionária do líder gaúcho. Sem incorrer no risco de personificar os acontecimentos, dir-se-ia que o golpe de 64 almejava cortar sua cabeça, mas a cobra, como diz o povo, não morreu. Os milicos golpistas confabularam sobre o retorno de Leonel Brizola ao país: um assunto de segurança continental. 

João Goulart não conseguiu retornar com vida, morreu no exílio, não o deixaram chegar à pátria para morrer, uma violência inominável. Formou-se uma cirandinha com João Figueiredo, Ernesto Geisel, Costa e Silva e Sílvio Frota. 

E aí, Leonel Brizola volta ou não volta? 

A reunião ressentida dos covardes. Os milicos atônitos com a bravura, a intrepidez, a galhardia demonstradas com a Campanha da Legalidade. O desafio de enfrentar a própria morte em Porto Alegre no ano de 1961. O último acontecimento em que o povo participou de fato da história do Brasil. Os historiadores dizem que o grande lance foram as Diretas Já. Não foi, não têm a mesma magnitude histórica da subversiva Campanha da Legalidade.

Os militares ficaram aturdidos e vexados porque não tiveram a oportunidade de comando. Complexo de inferioridade em relação a Leonel Brizola. Nas Forças Armadas, um militar que passa a vida toda sem voz de comando é um militar pela metade, não é um militar autêntico. Então, Leonel Brizola, embora civil, foi um homem que teve comando, o governador comandou a Aeronáutica no Rio Grande do Sul.

Ainda que sem saber dos meandros da dialética hegeliana sobre o senhor e o escravo, há certamente na oficialidade anti-brizolista o ódio e a inveja em relação ao político civil valente, como dizia José Walter Bautista Vidal.

Desafiar a própria morte. Essa ousadia que figura no hino nacional molda a psicologia do militar. A carreira militar coloca sempre a questão da morte do soldado. O militar é quem se prepara para a guerra, na qual se destaca a capacidade de comandar das tropas. Note-se que os generais bolsonaristas não tiveram voz de comando, apenas na favela atuaram como policial e na péssima conduta no Haiti. Não foi a rigor uma prática militar, e sim um conluio miliciano/pecuniário. 

Os militares entusiastas de Jair Bolsonaro, evocando a melancólica memória de Sílvio Frota, defenderam a tortura. O deputado federal havia sido expulso do Exército por ser mau soldado, segundo o general Ernesto Geisel. Fato é que a tortura e a indisciplina militar, aos olhos dos comparsas de Sílvio Frota, foram vistas como virtude pelos militares que compuseram a cúpula do governo de Jair Bolsonaro. 

Quanto ao outro lado progressista da história, há que se pôr em relevo, que de todos os presidenciáveis ou presidentes da República desde José Sarney, Leonel Brizola foi o único que ambicionou valer-se do poder para revolucionar a sociedade, mas não chegou ao Palácio. O seu desejo foi interrompido, mas esse desejo de poder, isto é, de tomar medidas a favor do povo e simultaneamente alterar as relações externas do Brasil, foi enfaticamente anunciado em sua programática.

A tibieza é a característica psicológica de todos os políticos que chegaram à presidência da República. Chegam resignados, com medo, pusilânimes e impotentes. Nada a fazer que não seja cumprir o ramerrame inerte e burocrático.

Leonel Brizola tinha por costume referi-se ao monopólio da comunicação prometendo cortar as pernas desse modelo televisivo. Mais ousado ele foi: vamos alterar a relação do país com os centros econômicos mundiais. Vamos mudar o modo pelo qual o Brasil se relaciona economicamente com os centros do capitalismo. Governador no Rio Grande do Sul enfrentou o poder das multinacionais.

Leonel Brizola nada tinha de bravateiro, encampou a ITT e a Bond and Share, tomou medidas anti-imperialistas antes mesmo de Fidel Castro na Cuba revolucionária. Medidas anti-imperialistas a tal ponto que no Congresso dos Estados Unidos promulgou-se uma lei contra a expropriação nacionalista de empresas norte-americanas tomando como exemplo a atitude do governador do Rio Grande do Sul. Quem é esse governador petulante e metido a besta? Esse sujeito tinha que ser cortado da vida pública e ficar longe do poder, segundo o Pentágono. 

O imperialismo, sabemos todos, não perdoa o espírito insubmisso que se insurge contra a sua dominação. Leonel Brizola percebeu que o obstáculo à autonomia do país eram as “perdas internacionais”. A situação mundial condiciona e determina o que o país é na economia e na cultura. Colônia submissa e dependente. Dizia que nosso país era uma “colônia específica”. O que vem a ser uma colônia específica? Uma colônia é uma colônia em qualquer lugar, mas por que específica? Por que esse traço diferencial do Brasil?

Em sua fortuna crítica deparamos com os autores que abordaram a trama das relações coloniais, Paulo Schilling, Andre Gunder Frank, Franklin de Oliveira, Edmundo Moniz, Darcy Ribeiro, Getúlio Vargas. Eu acho que foi pelo saber de experiência feito, como dizia Luiz Vaz de Camões, no comando do Executivo gaúcho, lidando com a prática de governar o Rio Grande do Sul, inteirou-se do mecanismo das perdas internacionais. O trato com o poder regional. Interpretou a Carta Testamento como um dramático documento anti-imperialista. Mirou o inimigo do povo e por isso não teve vida fácil. Volto a afirmar que a sua entrada na política se deu no ano de 1945. 

Ele disse várias vezes, cotejando Collor, JK, FHC e Lula, que não era para qualquer um defender o povo brasileiro. Tinha que ter garra, coragem e convicção. Certa feita afirmou, não sem ironia, que o golpe de 64 havia sido dado por telefone. Um golpe dado por telefone, o que significa isso? Não foi com tanque, foi pelo telefone. Nenhum tiro foi dado para se tomar o poder. 

Curiosamente há telefone na Campanha da Legalidade, mas esta foi feita pelo rádio, de início radioamador de seu amigo João Carlos Guaragna em Porto Alegre. Creio que é com a metodologia de Leonel Brizola que se deve entender o que é o papel medonho de Jair Bolsonaro na história do Brasil. Trata-se de um personagem ex-nihilo? Quando surgiu nas Agulhas Negras fazendo reuniões e conspirando, Leonel Brizola não estava mais em cena. Fato é que Jair Bolsonaro não foi perseguido na pós-ditadura, então por que ser revanchista com FHC, Lula e Dilma? Não consta que tivesse sido importunado pelo poder. Ao contrário, foi paparicado e deputado federal acumulou bastante dinheiro. 

A mim não me agradam as efemérides porque o que nelas prevalece é o tom panegírico. Quanto à vida de Leonel Brizola, não podemos ser perfunctórios, temos de tocar em coisas espinhosas, temos de levantar questões difíceis. Evitar a pieguice sentimental da parte de seus admiradores que lhe rendem homenagens edulcoradas e tediosas, nas quais o passado nunca é reconstruído de modo crítico. 

Ninguém foi tão ciente da importância do passado em um país colonizado. Vinha de longe desde os ecos getulianos da Revolução de 30, ainda que desconfiasse da escrita dos historiadores. Para a compreensão histórica não basta o depoimento de quem o conheceu de perto ou na intimidade familiar. 

Em se tratando dos grandes homens o prisma familiar mais atrapalha que ajuda o entendimento, ainda mais no caso de um líder que gostava mais dos filhos do povo. Gostava mais dos filhos do povo do que dos próprios filhos. As fotos com as crianças abraçadas por ele são reveladoras do amor pelos filhos dos pobres. Talvez esteja aí um bom critério para avaliar o que é um bom político: gostar mais dos filhos do povo que dos próprios filhos. 

O legado dele não é sanguíneo nem hereditário tal qual o segredo guardado pelo charuto de Getúlio Vargas. Isso pode ser estendido em termos de esfinge até na relação mantida por seus discípulos, inclusive os apóstatas que se converteram em ex-brizolistas sem refutarem as ideias do mestre. Discípulos que queriam matá-lo por não terem a mesma vocação política. 

O requinte recorrente da traição, do ressentimento mesclado ao ódio contra quem foi generoso na didática militante. A magnitude da traição política se revela na mediocridade dos ex-brizolistas. Estes foram extremamente mesquinhos em relação ao mestre. Os discípulos invejosos diante da grandeza do mestre. Por isso não conseguiram alçar voo político.  

É evidente que Leonel Brizola queria perdurar no tempo, permanecer na lembrança, ficar na memória, mas não pelo registro da escrita, e sim pelo registro oral, pela tradição do boca a boca, que é a característica fundamental na escuta folclórica do Rio Grande do Sul. É por isso que recusou a escrever sua vida política, sua biografia, sua memória. Nem descolou alguém para escrevê-la. Não pagou escriba para registrar seus feitos. A fala popular é que iria traçar sua biografia. Nesse sentido é a transmissão oral que o define. Sem partido vigoroso, sem recursos financeiros, acreditava que poderia convencer o eleitorado pela fala, pela voz, pela dicção. O povo dizia: se deixar o homem falar, ele chega lá. 

Mas não se trata do falastrão, do que fala muito sem dizer nada, que é a característica distintiva do político brasileiro. Até hoje rola por aí a interpretação equivocada acerca de sua voz pausada. Leonel Brizola teria falhado porque o rádio foi substituído pela televisão como meio de comunicação. A sua linguagem não teria acompanhado a rapidez exigida pelo tempo comercial da televisão. O discurso do rádio mais lento. A exigência do “próximo bloco”, a interrupção do tempo, enfim, a mercadoria televisiva não teria deixado Leonel Brizola exercer sua capacidade linguística. 

Trata-se de uma interpretação midiológica indiferente à eloquência de sua voz entre a palavra e o gesto, interpretação que condiz com a perfídia dos entrevistadores de televisão. Às inúmeras interdições de que foi vítima acrescente-se a repressão linguística: não deixar a articulação da fala com o pensamento. Os entrevistadores lhe interrompiam, o que não acontecia com os outros políticos. O audível de sua fala foi suprimido, censurados os fonemas da língua falada. Leonel Brizola despertava ciúme doentio por causa de sua dicção. 

Na colônia não se permite a expressão livre do pensamento, por isso é que somos, no dizer de Oswald de Andrade, a babel do vocábulo impróprio. Quantas vezes não ouvimos a resposta errada para a pergunta se fulano acredita ou não em Deus. A resposta é: sou agnóstico. Isso é um erro. Agnóstico é quem não sabe, não é quem não acredita. Agnóstico não é aquele que é ateu, mas aquele que não conhece. O vocábulo impróprio rege não só a comunicação de massa. 

Lembro Monteiro Lobato: o brasileiro só gosta daquilo que não entende. Homem ágrafo e analfabeto, ou bacharel com seu psitacismo jurídico típico da UDN e do Supremo Tribunal Federal. Daí a anacolutia, o vazio conceitual de que levou um certo Michel Temer à Presidência. 

Daqui um século quando o Rio de Janeiro tiver um outro nome, provavelmente um nome gringo, haverá a lembrança de que depois da morte de Leonel Brizola sumiu a palavra “povo” do léxico dos políticos. Ninguém mais fala isso. O povo sem Leonel Brizola é a psicologia da língua presa bolsonarista. 

O alfabeto imperialista é o da venda do território. Com a venda do território não se pisa mais em terra nossa. É o mapa sem povo. É o momento derrelito da afasia colonial. A língua sem sol e água. A palavra é o elemento essencial do livro que se chama A Fala de Leonel Brizola. A existência de uma brizolália converte a palavra em gesto. O logos brizolista é sonoro ao traduzir o conceito de imperialismo para “perdas internacionais” da economia. Seguramente Vladimir Lênin, o autor do conceito de imperialismo em 1916, iria concordar com a percuciência linguística do líder gaúcho. 

Destarte, a oposição à expressão “perdas internacionais” foi a mais recorrente nas fatídicas eleições de 1889 em que venceu o caçador de marajá coadjuvados por Luiz Inácio Lula e o dono da TV Globo. Se acaso me perguntassem, em se tratando de jovens que sejam curiosos, como conhecer o significado de Leonel Brizola estudando o que ele viveu, pensou, falou, agiu e lutou durante mais de meio século, eu diria sem escarnecer que o estudo deveria começar pela Campanha da Legalidade em 1961, a caravela subversiva de Porto Alegre. É que toda história do Brasil, inclusive a história do futuro, está condensada em Leonel Brizola como personalidade representativa do que somos e do que podemos ser. 

Há um paradoxo que não me furto a sublinhar: é que não se conhece lendo-o porque não escreveu livro algum, mas não foi senão estudando a história do Brasil que me tornei brizolista. Antes de encontrá-lo pessoalmente no Pasqualini no Rio de Janeiro. O dia em que tive a honra de ter sido filiado por ele. Almoçamos em um restaurante próximo à sede do PDT. Fiquei impressionado com seu interesse pela cultura do Rio Grande do Sul, Moysés Velhinho e outros ensaístas, inclusive Érico Veríssimo, a respeito do qual disse-me que era amigo de sua mulher, Neusa Goulart, ressaltando que Érico nunca se aproximou do trabalhismo varguista. No que chegou à mesa o bacalhau, regado a um bom vinho branco e tinto, ele virou-se para mim rindo discretamente: “Professor, põe azeite no bacalhau. Nosso Lula come bacalhau sem azeite”. Eu saquei ali, nessa referência culinária, que havia embutida uma semântica política. 

Nesse almoço atinei para o quão pérfida era a fofoca sobre o gaúcho tosco, rude, inculto. Leonel Brizola era um homem finíssimo, sabia comer, sentar à mesa. Acudiu-me durante a conversa o dito do padre Antônio Vieira: quem não é dócil não pode ser douto, ou seja, instruído segundo a origem etimológica do termo. Curiosamente nunca o chamavam de “doutor”. Quem recebia esse tratamento era Tancredo Neves, doutor Tancredo para lá, doutor Tancredo para cá, Tancredo Neves, como dizia Leonel Brizola, integrava “a turma do diploma”, os bacharéis de Direito e, em seguida, os bacharéis de Ciências Sociais. A acrimônia pesada contra Leonel Brizola não vinha apenas do Judiciário a exemplo de José Francisco Rezek, o ministro do Collor que contou os votos para ele chegar em primeiro lugar nas eleições de 1989. Rezéqui havia sido juiz no Rio Grande do Sul logo depois do golpe de 64. 

Enfim, a perseguição vinha de tudo quanto é lado, dos jornais, da televisão, da Igreja, das multinacionais, dos fazendeiros, do Pentágono e até mesmo dos professores nas universidades. Os professores continuam tendo uma visão póstuma deturpada de Leonel Brizola. A universidade nunca tolerou o Leonel Brizola secularizado. Contam-se nos dedos os professores, antes e depois da UDN, que não foram engambelados pela didática do Pentágono anti-Leonel Brizola. O homem nunca havia lido um livro, um néscio que não sabia língua estrangeira, nem mesmo espanhol mal falado em sua fazendola do Uruguai, homem que virou latifundiário num latifúndio que se perdia de vista tão grande que era. Lembro naquele almoço a pergunta que lhe fiz, se não deveria na volta do longo exílio ter entrado por São Paulo, onde está concentrado o proletariado brasileiro com seus sindicatos, em vez de aportar no Rio de Janeiro com a exígua classe operária. A resposta foi um tanto quanto nebulosa e para mim insatisfatória: “Olha professor, muita gente tem me perguntado sobre isso”. Aí a conversa tomou outro rumo. 

Pode ter sido um disparate a pergunta, mas é que nas reuniões no Pasqualini quase não havia operário ou trabalhador, e sim uma classe média composta de uma pequena-burguesia desescolarizada. Longe de mim romantizar o proleta-brizolista dotado de consciência política na fábrica e no sindicato, mas é que as eleições mostravam que a São Paulo fabril, não admirava Leonel Brizola. Ele se viu várias vezes em meio a terríveis aperreios para buscar um aliado paulista. Era difícil fisgar alguém em São Paulo que tivesse simpatia política por ele. A verdade é que São Paulo cortou o voo de Leonel Brizola. A tradição anti-brizolista se alimentou da tradição anti-getulista, não obstante Getúlio Vargas ter sido eleito senador por São Paulo. É que em São Paulo os órgãos da imprensa nunca perdoaram Getúlio Vargas por ter fechado o Estadão. O jornalista Claudio Abramo dizia que os donos do Estadão gostaram desse fechamento porque isso deu lucro para o jornal. Claudio Abramo ergueu as finanças tanto do Estadão quanto da Folha de São Paulo. 

Na dinâmica desigual das regiões São Paulo foi ponta de lança do imperialismo norte-americano para derrotar Leonel Brizola. O desejo brizolista foi tripudiado pela burguesia bandeirante internacionalizada que drena para si o excedente de outras regiões, segundo o diagnóstico feito por Andre Gunder Frank em O desenvolvimento do subdesenvolvimento. Os doutores da USP não toleravam a crítica anti-imperialista de Leonel Brizola, um dos primeiros, junto com o brizotrotskista Edmundo Moniz, a perceber que o golpe de 1964 foi uma iniciativa da Fiesp que prejudicou a economia do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. A mesma coisa dirá o polígrafo Franklin de Oliveira num livro famoso sobre o atraso do Rio Grande do Sul, aliás prefaciado por Leonel Brizola. 

O café industrial é um compósito de capitais originados de várias regiões. Não é capital autóctone paulista, consoante Andre Gunder Frank que era especialista em agricultura russa. Ele desfez a tese sobre o narcisismo do café propulsor do progresso de São Paulo como uma planta endógena da burguesia bandeirante. Fato é que de Castelo Branco a Jair Bolsonaro, todos os presidentes da República, foram puxados pela locomotiva anglo americana de São Paulo. 

Quem enterrou de vez o separatismo paulista (muita gente boa como Mário de Andrade e Monteiro Lobato, embarcaram nessa viagem geoesquizóide) foi o golpe de 64 que amarrou São Paulo definitivamente às regiões pobres com a acumulação industrial prelúdio da rentista. Por conseguinte não mais haverá em São Paulo intelectual a favor do separatismo. 

Eu não poderia afirmar que São Paulo estaria em melhores condições sob o signo brizolista, isto é projeção imaginária do que poderia ter sido a relação de São Paulo com o resto do Brasil. Em política, dizia Leon Trotsky, é preciso partir do que existe, e para Leonel Brizola o que existiu como fato objetivo foi o golpe de 64 desfechado pela burguesia bandeirante da Fiesp sob os auspícios da Casa Branca, conforme as argutas interpretações no calor da hora, elaboradas por Edmundo Moniz. 

Nada há de significação translata quando se acentua a continuidade paulistocêntrica de Jair Bolsonaro. Depois de 50 anos de telenovela e de programa de auditório, as urnas colocaram o “socialismo moreno” como a fonte do mal. Com o trespasse do líder trabalhista os partidos políticos enterram a palavra “imperialismo”, ou seja, a transferência da riqueza da periferia para os núcleos metropolitanos. Aí começou a maledicência de que o velho Briza andava meio gagá em sublinhar as perdas internacionais da civilização brasileira.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Zé, quequé guerra, Zé?


Ilustração: Juan Chirioca

A guerra híbrida travada na atualidade. Miscelânea, mistura. O híbrido é uma aberração, uma maneira de violar o que é natural. É o vale-tudo. Na luta de classes a guerra é inevitável. Ela está no local, no nacional, no internacional. A política nacional a flor da pele. A ocupação estrangeira que se repete e se repete. Este é o tema do comentário dessa semana de Gilberto Felisberto Vasconcellos, veiculado no programa Campo de Peixe, da Rádio Campeche,  conduzido pela jornalista Elaine Tavares.  (15.01.22)


domingo, 9 de janeiro de 2022

A sociedade brasileira está doente


Infanticídio, matricídio. Não há lugar para as crianças e para as mulheres no governo de Jair Bolsonaro. Mesmo entre as mulheres, há um repúdio ao útero. E, nos homens, a arma de fogo é o gozo. Um sadismo de privar a criança dos cuidados com o vírus. Este é o tema do comentário dessa semana de Gilberto Felisberto Vasconcellos, veiculado no programa Campo de Peixe, da Rádio Campeche, conduzido pela jornalista Elaine Tavares.  (08.01.22)


domingo, 2 de janeiro de 2022

Para onde vai a Petrobras vai o Brasil


Foto: Guilherme Santos/Sul21.com.br

A conversa interrompida. O encontro impossível. A praga da Covid e do governo Bolsonaro. A entrega da Petrobras, a empresa que deveria ser a maior empresa energética do mundo, se fosse acoplada com a biomassa. A empresa que deveria ser a essência da civilização brasileira, perdida na mão do empresariado gringo. Este é o tema do comentário dessa semana de Gilberto Felisberto  Vasconcellos, veiculado no programa Campo de Peixe, da Rádio Campeche,  conduzido pela jornalista Elaine Tavares.  (01.01.22)