quinta-feira, 28 de abril de 2022

Rogério Sganzerla kinosottoproletariat


Não é verdade que Rogério Sganzerla não gostasse de Santa Catarina onde nasceu na cidade de Joaçaba, mas pouca gente sabia-o catarinense porque começou a fazer cinema em São Paulo. Amava o centro da cidade. Biblioteca, pari bar, rua Barão de Itapetininga. 

O seu primeiro filme de 1966 aos 20 anos, Documentário, premiado pela loja Mesbla, é um esplendor de ritmo fílmico com dois amigos andando no centro de São Paulo e fazendo crítica de cinema ao ar livre. É a metalinguagem tipicamente rogeriana, que era tudo menos un l’home de lettre, embora tivesse escrito o seu primeiro livro de contos aos sete anos de idade, com o detalhe que pendurou a conta na tipografia para o seu pai pagá-la. Uma delicada estripulia marca o começo de seu percurso na arte.

Fui informado pelo historiador de futebol Nilso Domingos Ouriques que o pai de Rogério, seu Biagio, era comerciante, dono de rádio, possuidor de um Ford 45, o que na época era raríssimo. Mais tarde em seu filme Abismu Norma Bengel dirigia um Cadillac. Certa feita ele me deu de presente o livro de Paulo Ramos Darengoski sobre o Contestado. Falava sem nenhum sotaque regional. Terminou o colégio em Joaçaba e logo foi para São Paulo fazer faculdade de Direito na Mackenzie sem concluir o curso, tal qual Oswald de Andrade no Largo do São Francisco.

Um cineasta vocacionado a filmar o movimento das ruas, os transeuntes e os automóveis, não a casa, os livros, a biblioteca. Ninguém melhor filmou o camburão de polícia. 

O que realmente impressiona é a sua precocidade. Publicava em São Paulo artigos de jornal em 1964 com argúcia analítica sobre Orson Welles, que nada ficava a dever ao estudo de Bazin sobre o diretor de Cidadão Kane. 

Por dentro da fortuna crítica de Cidadão Kane tendo 18 anos, espécie de Rimbaud ou de Noel Rosa do cinematógrafo, antecipando o ritmo da locução radiofônica de O Bandido da Luz Vermelha feito em 1968, que é o retrato derrelicto do homem brasileiro urbano sem eira nem beira. 

Orson Welles fez reportagem sobre a burguesia e o dinheiro norte-americanos, Rogério filmou o fora da lei, o desclassado, o sem carteira assinada, o subproletariado, a massa sobrante, não a luta de classes entre a burguesia e o proletariado.

Filmou o mundo criminal. O fora da lei anárquico que parece Jean-Paul Belmondo sem terno chupando picolé na Avenida São Luiz. A influência de Oswald de Andrade, o romance Serafim Ponte Grande, lido em São Paulo ou talvez em Santa Catarina. Ganhou de presente em 1964 de Augusto de Campos o volume Teoria da Poesia Concreta. Era um intelectual antenado nas vanguardas.


sábado, 23 de abril de 2022

O agrado da desgraça




O presidente é um desastre de locução. Não sei ler. Não conhece a fonética. É deficiente na gramática. Ainda assim , verbaliza sua indulgência. Oferece a graça a um criminoso. Santifica o deputado federal e cria uma rugosidade em suas anfitriãs. Por que o perdão para um e não para outro? Este é o tema do comentário de Gilberto Felisberto Vasconcellos, veiculado no programa Campo de Peixe, da Rádio Campeche, conduzido pela jornalista Elaine Tavares. (23.04.22)




domingo, 17 de abril de 2022

Misticismo é barbárie


O drama que prolifera em todo o mundo. Uma sofrologia, uma macrobiótica da alma pura, o irracionalismo total. É falsa a ideia de que o ser humano não acredita mais em nada. É o contrário: como acreditar pessoas em qualquer alucinação. Abaixo da ciência, abaixo da luz. O que vinga é picaretagem terapêutica psicodélica expressa por alguma igrejas. Este é o tema do comentário de Gilberto Felisberto Vasconcellos, veiculado no programa Campo de Peixe, da Rádio Campeche, conduzido pela jornalista Elaine Tavares. (16.04.22)

domingo, 10 de abril de 2022

Mãe, ama eu


Bolsonaro é causa e efeito do assassinato cultural da mãe. A televisão ao longo dos tempos foi responsável por essa mutação da família. A família caiu no lero-lero do pastoreio evangélico. E desde que a porrada na mulher foi incentivada. Uma misoginia grassa, e a mãe é morta apesar do dito amor. Este é o tema do comentário de Gilberto Felisberto Vasconcellos, veiculado no programa Campo de Peixe, da Rádio Campeche, conduzido pela jornalista Elaine Tavares. (09.04.22)


sábado, 2 de abril de 2022

Tá faltando luz


O povo brasileiro, desnutrido de letras e informação não tem a menor ideia do que é a energia e a importância que ela tem na vida cotidiana. O mesmo acontece com relação ao combustível, como ele é feito, de onde vem, quem detém o poder sobre ele. A relação é sempre com o preço. É baixo, é alto. Mas, tampouco se sabe o que conta no preço. Bolsonaro agora se aproveita disso para mais uma cartada de marquetim. Este é o tema do comentário de Gilberto Felisberto  Vasconcellos,  veiculado no programa Campo de Peixe, da  Rádio Campeche, conduzido pela  jornalista Elaine Tavares. (02.04.22)