segunda-feira, 29 de julho de 2024

A ditadura do som

Imagem: Criação/Sascha Kohlmann 

Ouvir. Ouvido. Tenho fé na fala coloquial. Tanto que coloquei o nome deste programa de Modo de Produção Acústico. Ainda acredito que o que se ouve é decisivo para a vida política, para a vida mesma. A luta de classe é a luta de um som contra outro som. Por isso não para de ter som. Este é o tema do comentário de Gilberto Felisberto Vasconcellos no programa Campo de Peixe, da Rádio Comunitária Campeche.

sexta-feira, 26 de julho de 2024

Raízen, Capital Fóssil e Bautista Vidal

 Bautista Vidal - Foto: reprodução

Estou no Rio de Janeiro toca o celular. É Ricardo Guerra, oxalá futuro editor dos livros de Bautista Vidal, na sequência do menoscabo da AEPET com o legado de Bautista Vidal.

A AEPET não quer saber o que significa civilização fotossíntese, portanto é cúmplice da catástrofe ecológica capitalista.

Os engenheiros da AEPET, alguns ex-alunos de Bautista Vidal, acham que o petróleo é a derradeira forma energética do mundo. Equívoco. Não entenderam o que é termodinâmica. 

Alyne Bautista, filha e devota do mestre, depois de inteirar-se do meu artigo iracundo relatando a deplorável situação em que se encontra o legado de Bautista Vidal, quis saber a história da AEPET e sua relação com o seu pai. 

A verdade, a triste verdade é que a Petrobrás e as sucessivas diretorias foram adversárias do álcool combustível e dos óleos vegetais concebidos por Bautista Vidal e Marcelo Guimarães. Agora com a multinacional Raízen se apossando de tudo, aí sim a Petrobras está se dando conta que o álcool é a necessária alternativa energética e ecológica. 

A aliança Raízen-Petrobras continua hostil a Bautista Vidal se o critério for a emancipação popular e a soberania nacional do país. A mentalidade dos engenheiros alienados faz parte da fisionomia rentista do combustível fóssil é do descenso do valor de uso das coisas. 

Ricardo Guerra me pergunta, pensando em uma política editorial que seja realista, se a produção energética da biomassa teria algo a ver com a clivagem histórica entre capitalismo e socialismo. Respondo que sim porque a energia vegetal se faz de maneira desconcentrada e o capitalismo é concentracionário. Destarte, meu caro, não poderá existir socialismo limpo com o combustível fóssil sujo. O socialismo é do sol. Sol + Socialismo = Solcialismo. 

Basta reparar como a vida está enferma porque o capital fóssil é patógeno. Lembre-se de um kovydezenove. Outras epidemias virão por aí se não for eliminado o capital fóssil que é a causa da infecção.

A peste agrobusiness é privatizante. 

A São Paulo bolsonara com água privatizada vai pegar fogo. Bautista Vidal vaticinou a ruína da Estrada de Santos desabando a qualquer momento; todavia é mister deixar claro que ele não era marxista, embora não fosse anticomunista. O mundo para ele estava dividido entre regiões intertropicais e países imperialistas sem sol. Daí a pergunta endereçada aos doutos engenheiros da AEPET raízenficada: quem tem medo do legado científico e político de Bautista Vidal? 


domingo, 21 de julho de 2024

O trumpinho atirou no trumpão


Foto: EPA / BBC News Brasil

O criador e a criatura. Imaginem se o atirador que acertou a orelha do Donald Trump fosse um peronista ou um militante do Hamas. Seria um deus nos acuda. O fato é que quem atirou no Trump foi o trumpinho, um filho do próprio pai. O mesmo aconteceu aqui, lembrem que Bolsonaro fez campanha com um rifle. Este é o comentário de Gilberto Felisberto Vasconcellos no Programa Campo de Peixe, da Rádio Campeche.

domingo, 14 de julho de 2024

Waterloo de Bolsonaro



Sou uma pessoa que não posso mais me equivocar, mas penso que o encontro de Camboriú foi o Waterloo de Bolsonaro. Pelo menos no campo simbólico. Porque foi um encontro eivado de infelicidades, como a de comparar o Bozo a Jesus Cristo. Houve uma derrocada da direita representada por Milei e Bolsonaro. Este é o comentário de Gilberto Felisberto Vasconcellos no Programa Campo de Peixe, Rádio Comunitária Campeche. (13.07.2025).


  

Milei, go home



"Milei, vá para casa", um grito a ser ouvido em Santa Catarina? Milei estará no estado para um encontro conservador, com a mídia pelega tecendo loas. Nesse diapasão incensa também a jogada de Elon Musk, que coloca suas garras na Argentina e em outros países da América Latina. Este é o comentário de Gilberto Felisberto Vasconcellos no Programa Campo de Peixe, Rádio Comunitária Campeche. (06.07.2024)


 

quinta-feira, 11 de julho de 2024

A Petrobras contra a Petrobras, Bautista Vidal no ostracismo póstumo


Bautista com Brizola - um Brasil brasileiro

Um meu amigo leu aqui o pau que eu dei na AEPET (Associação dos Engenheiros da Petrobras) por não se interessar em preservar o legado de Bautista Vidal na área da energia e tecnologia. Eis a pergunta do amigo meu: - Por que afinal a AEPET deveria fazê-lo?

É que Bautista Vidal foi um grande engenheiro que defendeu a engenharia nacional vinculada à Petrobras como empresa de energia. Elogiou várias vezes o nacionalismo da AEPET, e talvez ingenuamente falava de seus amigos que tinham admiração pela sua reflexão sobre o trópico de que resultou o Proálcool.

Por não querer sentir pejo, furto-me em citar os nomes dos amigos que lhe devem as calças, e que não seriam absolutamente nada sem os seus ensinamentos. Esses amigos, alguns figurões integrantes da diretoria da AEPET, parece que depois de Bautista Vidal morto desprezaram o que ele fez e escreveu vivo em defesa da Petrobras. Esse desprezo não é inocente do ponto de vista científico e político. O poder mundial, expressão com a qual ele designava o imperialismo, dissocia o nome de Bautista Vidal da Petrobras, cuja importância não é menor do que a de Getúlio Vargas, Horta Barbosa e Gondim da Fonseca.

Eu suponho que os engenheiros da AEPET, não todos evidentemente, querem elidir o fato de que a Petrobras foi inimiga do Proálcool. Bautista Vidal acusou isso várias vezes, mostrando os inimigos endógenos encrustados na Petrobras por insciência ou por serem porta-vozes do imperialismo.

Dito e feito.

O álcool combustível somente seria valorizado quando o capital fóssil estrangeiro tomasse conta inteiramente da Petrobras desnacionalizada. A Raízen, multinacional do álcool, não é um espectro imperialista que surgiu de um dia para o outro. A Raízen tem sido assoprada pela Standard Oil do doutor Rockfeller. A atual direção da AEPET, imersa na alienação energética, faz vista grossa diante da Raízen; não é senão por isso que o legado antimperialista de Bautista Vidal deve ser deixado à mingua.

Querem os burocratas e entreguistas tapear a história trágica de Bautista Vidal por ter ele sido pioneiro da transição energética. A verdade é que a Petrobrás, viciada no petróleo, foi hostil ao Proálcool. Os diretores e engenheiros da AEPET não atinaram à concepção totalizante da energia e de seu condicionamento geográfico.