segunda-feira, 30 de setembro de 2024

O inconsciente de São Paulo é um camburão

Foto: rawpixel.com 

Marçal Pablo é o espetáculo do mal. A questão é saber se há possibilidade de existir um espetáculo que não seja do mal. Debord e Ludovico já pensavam isso. O valor da aparência. A última tapa do capitalismo. Não basta o cara ter grana, é preciso aparecer. Este é o tema do comentário de Gilberto Felisberto Vasconcellos no Programa Campo de Peixe, da Rádio Campeche. (28.09.2024). 


quinta-feira, 26 de setembro de 2024

De como se fabrica a marca Marçal Pablo

 

Edir Macedo e o dinheiro no Maracanã

Aconteça o que suceder, trata-se um vencedor por revelar e disso se aproveitar que a sociedade brasileira, em especial a de São Paulo, está acometida de uma grave enfermidade psicótica interclassista. Um charlatão e demagogo que metaforseou a blasfêmia em fake news. Marçal Pablo é o lidimo discípulo de Olavo de Carvalho que instrumentou a teologia da prosperidade, que é o equivalente nas ciências sociais da ideologia do empreendedorismo. Cada político é um publicitário de si mesmo. O púlpito de Edir Macedo entra em sintonia com os empreendedores do sociólogo tucano Jorge Caldeira. 

O desvario da pobreza como calamidade pública em São Paulo não se redime com a lembrança do banqueiro Barão de Mauá. O homo qualunque da esquina só não fica ricaço se não destravar a mente baixoastral que o deprime. O que destroça essa trava, essa treva, esse exu é o candidato taumaturgo que já foi paupérrimo, filho de faxineira como gosta de repetir o tempo todo, mas que ficou endinheirado, opulento, milionário. Capitalista, segundo o senso comum, é o sujeito que vive às custas do rendimento dos seus capitais, muitas vezes sem ter ocupação alguma.

 Marçal Pablo não é trabalho produtivo, nunca produziu uma alpargata, nunca tapou um buraco em sua rua. Trabalhar é besteira. O lance é a mentalidade liberada pelo espirito santo para fazer dinheiro, se possível honestamente, se possível... O que está escancarado em sua personalidade eleitoral, e que é essencial em seu anti-comunismo, é o seguinte: quem não tem dinheiro não tem razão. Preste atenção, eleitor badameco: você não está bem de vida porque a sua mente está cheia de coisa ruim, e a principal é a demonização do dinheiro feito pelo comunismo. 

O que há de mais insano é que a promessa do bem-estar não é um futuro melhor generalizado, e sim o presente imediato para o eleitor que acredita ficar rico mimetizando o candidato. Por isso é que não tem a menor importância o programa ou a programática do candidato. O dinheiro chapado, nu e cru, ofusca inteiramente o que é dito ou insinuado pelo programa. 

 Marçal Pablo é sigla do dinheiro, e o dinheiro é Deus. Marçal Pablo converte-se aos olhos do eleitor em Deus do dinheiro. Quanto mais pobre o eleitor mais o dom da graça, o carisma do dinheiro. A moeda Marçal é a célula do eleitor. Não se cansa de repisar que a instituição Banco, da qual é um dos proprietários, pede ser democratizada com o voto Marçal, ou seja, o seu eleitor pode vir a ser dono de banco. 

O pobre, o favelado só se libera espiritualmente com o grito catártico “viva o capitalismo”. O tesão do eleitor de Marçal é o capitalismo. A noção de prosperidade é copular com o dinheiro, então não pega a acusação que identifica bandido com roubo de dinheiro, porque a sociedade brasileira como um todo é uma sociedade bandida: a bandidagem do dinheiro e o dinheiro da bandidagem. 

O mais notável símbolo material da felicidade é o dinheiro. O candidato pós-Bolsonaro atualizou a apologia da mercadoria feita por MacLuhan: o dinheiro é a mensagem. O novo rico mitomaníaco do dinheiro ambiciona ser prefeito de São Paulo sem que nele se observe traço algum de atender à esfera pública tida por ele como o lugar do “marxismo cultural”, que é uma asneira exótica divulgada entre nós por Olavo de Carvalho que, verdade seja dita, o coitado não teve tempo em vida de fazer seu pé de meia com os mecenas “Véio da Van” e o Presidente Jair Bolsonaro. 

O charlatão pop candidato a prefeito é um bolsonarista que não depende das benesses do ex-capitão para alcançar voo na extrema direita da avenida Faria Lima. 

A dúvida é se a burguesia bandeirante, quase que inteiramente “compradora” e dependente, considera a candidatura Guilherme Bolos uma ameaça ou um constrangimento para os seus negócios.

 A “democracia” não é um fator a ser levado em consideração nem por Bolsonaro, nem por Marçal nem pelos evangélicos. A burguesia de São Paulo tem uma longa tradição, teórica inclusive, segundo a qual o capitalismo é contra a democracia e a favor exclusivamente do lucro. Digamos que já deglutiu o meteco Tarcísio, o “Bolsonaro técnico”, assim como poderá tolerar outro meteco aventureiro para participar do banquete do poder, por mais disruptivo, instável, escandaloso que venha a ser do ponto de vista criminal o “liberdad carajo” do riverão Tietê.    


terça-feira, 24 de setembro de 2024

A razão está na grana

Crédito: Foto: Filipe Castilhos/Sul21.com

Dizem os economistas que tudo o que não tem valor material não presta. Tenho feito deles. Dizia o ex-ministro da ditadura Delfim Neto: desenvolvimento não é paz, é sofrimento. A proposta desse grupo de pessoas é fazer com que as crianças aprendam a ganhar dinheiro desde a escola fundamental. Nada de brincadeiras. O negócio é o empreendedorismo. Quem não tem dinheiro, meu bem, não tem razão.  Comentário de Gilberto Felisberto Vasconcellos no Programa Campo de Peixe, da Rádio Comunitária Campeche. (20.09.2024).

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Democracia canibal


O Brasil inteiro está de olho em São Paulo. Pode ser um desastre para o Brasil e para a América Latina hoje. Há um espectro do mal emparelhado por ali. Várias faces do mal se digladiando. É uma perspectiva de consolidar uma marca, de privatizar o cosmo paulista inteiro. A Praça da Sé vai ser da Shell, ou da Raízen. Enfim, o petróleo no centro da disputa. Comentário de Gilberto Felisberto Vasconcellos no Programa Campo de Peixe da Rádio Campeche. (14.09.2024)

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Sociedade falsificada


Perguntaram-me sobre a eleição de São Paulo. E sobre esse personagem que se apresenta como a pessoa como a maior auto estima do mundo. Um cara que se acha o máximo, um fodão. E que se apresenta para a população como um mistificador: "vote em mim e você vai ser rico". Ele personifica uma sociedade falsificada, essa que hoje vivemos com o mantra: compre o boné do Neymar e serás Neymar. Comentário de Gilberto Felisberto Vasconcellos no Programa Campo de Peixe, na Rádio Campeche. (07.09.2024).

terça-feira, 3 de setembro de 2024

São Paulo: cuidado com o PM, o agente do mal



Atenção pessoal da esquerda. Não deixe de ouvir esse comentário. Cantei o jogo: vai surgir uma Milei no Brasil. E aí está: o agente do mal que quer pegar a prefeitura de São Paulo. A minha dúvida é, há que usar uma linguagem racional para lutar contra esse charlatão? Ou temos de criar um contra ideologia, um absurdo contra o absurdo? O fato é que não se pode combater esse cara com argumentos, ele tem uma estrutura autoritária do pastor evangélico. Não adianta querer combater a retórica e a gestuália pop com argumentos racionais. Este é o comentário de Gilberto Felisberto Vasconcellos, no Programa Campo de Peixe, da Rádio Campeche. (28.08.2024)