Oswald com Maria Antonieta de Alckmin
Na década de 20 a literatura de Oswald de Andrade foi considerada suicida pelo católico Tristão de Athayde. Volvidos trinta anos, em Paris, o cineasta marxista Guy Debord abordou a autodestrutividade da poesia. Em 1967 escreveu A Sociedade do Espetáculo a partir do fetichismo da mercadoria reconcebido por Lukàcs em História e Consciência de Classe de 1922.
Nelson Rolim, editora Insular, discípulo do argentino Jorge Abelardo Ramos, está divulgando meu livro Sol Oswald – A Ecologia Anticapitalista do Modernismo.
Iniciativa editorial audaciosa e, diga-se, pragmática porque o Oswald descolonizado dos trópicos será curtido pelo público ledor de São Paulo fóssil e poluído.
O meu livro vai vender que nem água entre Pinheiros e Perdizes. As orientações estratégicas de Oswald de Andrade em São Paulo são Antônio Cândido, Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Mário Chamie e José Celso Martinez, sem deixar de aludir ao poeta folk cibernético Cassiano Ricardo. Enfim, todo intelectual paulista quis ou quer ser Oswald de Andrade.
Sequestraram-lhe a dialética marxista. Eu perguntei: quem mais comunista do que ele na semana de 22?
Foi quem melhor entendeu Frederico Engels ao discordar sobre o matriarcado de Pindorama. Indo além de Darcy Ribeiro que viu o índio de carne e osso.
A palavra “tupi” nunca foi falada por indígena, segundo o filólogo João Ribeiro. Oswald de Andrade relata o álcool – motor na década de 30. Eu falei isso para o meu amigo Bautista Vidal, o criador do Pró-álcool de 1974. Coisa de louco. Antes da termodinâmica. Escrevi esse livro com Bautista Vidal incentivado pelo cineasta Eliseo Visconti que foi amigo de Gondim de Fonseca.
Sol
Osvaldo
A contradição natureza e sociedade estava na luta de classes do Manifesto Comunista de Marx e Engels. Em Oswald de Andrade a floresta dos trópicos será vista a partir da rua Barão de Itapetininga em São Paulo.
A ecologia oswaldiana é antimercadoria desde a poesia Pau Brasil. O sol é valor de uso. O dólar esconde o sol.
Sol
eu
um
lis
mais
Segundo os ditames cósmicos da escola de biomassa em sua versão marxista, eu coloquei o sol na luta de classes, e não esta no sol.
Em 1966 o médico Silva Mello escreveu A Superioridade do Homem Tropical editado por Enio Silveira. O percurso civilizatório é do quente para o frio, e não do frio para o quente.
Ateu, Silva Mello gozava os seus coleguinhas católicos: a civilização começou na África, Adão e Eva eram negros e não tinham olhos azuis.
Os manifestos literários de Oswald de Andrade não são mais inventivos e profundos que a vanguarda europeia, de acordo com Benedito Nunes lá em Belém do Pará.
Somos comidos pelo imperialismo com uma ideologia do dejeto sem território.
Oswald de Andrade denunciou o comportamento letrado, institucional, careta e protocolar, não só no âmbito acadêmico.
Oswald de Andrade é ainda hoje recalculado por ferir as regras da arte, ou senão despolitizado é como porra louca, playboy, malandro, vagabundo e gozador.
O especialista em Oswald de Andrade, como todo especialista, é um chato.
“- Escritores não me levam a sério, nem sequer me consideraram também escritor, nunca consegui ser capitalista, tampouco comerciante.”