Nildo Ouriques, discípulo de Ruy Mauro Marini, detona os cipayos esclarecidos de São Paulo
Os cientistas
sociais temos a obrigação de submeter à apreciação crítica o corajoso livro de
Nildo Ouriques que faz a anatomia do poder cultural de São Paulo. Beleza de
livro, herético, concebido com liberdade e zelo pelo estilo, o que é raríssimo
entre economistas e sociólogos que padecem de impotência quanto à expressão
linguística. Nele não há a psicologia vaselina do “bendigo a tutti” e o horror
do confronto intelectual. A propósito, pela primeira vez na prosa
nildouriquiana surge Oswald de Andrade investindo contra o colonialismo interno
paulista um ano depois de deflagrada a Semana de Arte Moderna de 22.
Feuerbachiano,
possivelmente sem ter lido Feuerbach, livre dos cânones católicos e
protestantes, Oswald de Andrade entendeu que o padre latino foi o primeiro
ideólogo que trouxe a escolástica, fonte de todos os males futuros nas letras e
Forças Armadas. O único escritor da Semana de Arte Moderna que se tornou
marxista e comunista. Paradoxalmente foi ignorado pelos marxistas e comunistas
colonizados. Deixaram-no roendo beira de pinico.
Com enorme
prestígio na década de 30, Luis Carlos Prestes curtia Mário de Andrade, que foi
a favor do separatismo paulista, tido como autor imprescindível à construção de
uma sociedade socialista. Antônio Cândido não é tematizado no livro de Nildo
Ouriques. O crítico mineiro democrático socialista liberal reticente ao
nacionalismo varguista deixou no ar a identificação marxismo e stalinismo.
Fundador do Partido dos Trabalhadores junto com o nordestino Mário Pedrosa e o
carioca Sérgio Buarque de Holanda.
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