sexta-feira, 21 de julho de 2023

O pessoal é político


Volto ao Brizola. Foi o Golbery quem cortou a sigla PDT do Brizola para deixá-lo órfão político. Foi uma jogada diabólica que obrigou Brizola a criar outro partido, o PDT. E isso não foi coisa fácil para um homem que chegava do exílio. Golbery dava risada enquanto Brizola chorava. Hoje o trabalhismo está na mão de um miliciano bolsonarista. Brizola fracassou, não conseguiu chegar ao poder. Esse é o tema do comentário de Gilberto Felisberto Vasconcellos no Programa Campo de Peixe, da Rádio Campeche, comandado pela jornalista Elaine Tavares. (15.07.2023).


Zé Celso e a fisicalidade do teatro

 


Criminosa privatização da água está sendo cogitada pelo bolsoneco prefeito de São Paulo. Isso poderá provocar um incêndio monstro em São Paulo. Eu pensava nisso quando soube da morte do meu amigo José Celso, queimado. Eu senti nisso o prelúdio da São Paulo Pegando fogo... Zé Celso foi o primeiro a colocar o Oswald de Andrade no teatro. Ele gosta de Getúlio, Jango e Brizola. Este é o tema do comentário de Gilberto Felisberto Vasconcellos no Programa Campo de Peixe, da Rádio Campeche, conduzido pela jornalista Elaine Tavares. (08.07.2023)


quinta-feira, 13 de julho de 2023

A TV e a luta de classes


Foto: reprodução do Youtube

Lembra-me que causou indignação, ainda que superficial e cínica, uma moça sendo estuprada em tempo real no programa Big Brother. A igreja ficou chocada, o judiciário ficou chocado, o parlamento ficou chocado.

Que horror!

Já ouvi o povo chamar o programa de Big Pênis. O problema é que essa reação é pontual, a indignação não atinge a televisão como um todo. Ora, é pelo todo que se fisga a verdade, dizia o filósofo Hegel.

A televisão é um sistema de signos estruturada na corrupção. Digo estupro na acepção de sujar, maltratar e corromper. Não é preciso mostrar ao pé da letra o estupro, porque o telespectador é estuprado todos os dias pela televisão.

O estupro é o sadismo desejado pelos telespectadores masoquistas. O estupro é sem culpa. A marca da impotência do macho burro se narcisa pelo escândalo da fama. Com fama e dinheiro todos são estupradores virtuais. Ratinho. Jabor. Jô. Gentili, ainda que não os sejam na vida real.

O Big Brother Body parece Saló, a República capitalista pornô filmada por Pier Paolo Pasolini sobre a Itália fascista. As mulheres com pênis penetram o ânus dos homens malhados e sarados. Todos são culpados na carne e no espírito. A vítima se julga feliz. A repetição, a litania, o mesmo esquema do conformismo e da apatia.

Com o Big Zoiúdo a câmera é a da vigilância como a de Guantánamo. O regime carcerário. A tortura como sedução bolsonara.

A desgraçada e humilhante situação da mulher. Antes da infância e puberdade a menina foi plasmada pelo cabaré das crianças. Dir-se-ia que a Xuxa foi o Platão da meninada. Fora da televisão é a rapidez do coito dos oprimidos que não tem ócio por causa do regime de trabalho. A telenovela é uma jornada de trabalho de oito horas.

Luta de classes, molecada.


O que é um sistema de signos? O sistema de signos é a interação das partes que se juntam, daí a telenovela aglutinando-os. O bigodinho do Merval, o dedo do Jô, a boca da Janaína Pasca compõem um quadro indivisível.


As estrelas luxuosas da televisão não são a classe dominante da sociedade brasileira. A telenovela é uma patologia social psíquica (e amor) que deve ser suprimida por uma revolução socialista.


A esquerda brasileira que não estuda Marx considera a telenovela uma esfera do ócio (consumo), e não da produção. A burguesia industrial e comercial (inclusive financeira) é uma burguesia de telenovela em seu ânimo vital.


Que direito tenho eu de considerar a telenovela um câncer se todo mundo na sociedade a venera?

Se por acaso nas ruas eu pichar as telenovelas nas paredes, seguramente serei linchado.

A hegemonia cultural da telenovela é aceita e incontestada em todos os níveis da sociedade. Da favela à universidade, do estádio de futebol à Academia Brasileira de Letras, do parlamento à igreja.


Qual é a ideologia dominante hoje no Brasil? A da multinacional? A da burguesia bandeirante? A da burguesia imobiliária carioca? A da sertaneja agronegócio?


Os pobres virtuais da telenovela inspiram piedade, ao contrário dos pobres reais.


A ideologia da televisão abrange as Forças Armadas.

terça-feira, 4 de julho de 2023

O silêncio machão das feministas diante da violência cometida contra Jullyene Lins ex-mulher de Arthur Lira


Há nas ciências sociais, desde quando foi publicada a investigação nos EUA sobre a Personalidade Autoritária (1954), de Adorno e Horkheimer, o desafio em analisar a interconexão entre os processos sociais e as estruturas psicológicas.

Mais tarde avulta a noção de “gênero” na psicanálise junto com a de classe que marcou os estudos sobre a mulher na década de 70, alguns dos quais retornando o Etnological Notes de Karl Marx e A Origem da Família e da Propriedade de Engels. Neles sobressaíam a questão do direito materno e a história da opressão da mulher, dentro e fora da família. 

Nas últimas décadas explodiu de maneira dramática a violência física e verbal contra o gênero feminino que está a exigir explicação das ciências sociais. E, nesse aspecto, há que se valer da contribuição de nossos autores, alguns antigos como Pandiá Calógeras e modernos como Darcy Ribeiro, no que concerne ao papel da mãe em uma sociedade patriarcal e de passado escravocrata.

Diga-se da mãe sinônimo de mulher em geral, incluindo o que é mentalizado na cultura popular, e se teria havido uma espécie de mutação na estrutura familiar, violência não só da parte do marido, e sim do filho e da filha. Estou me referindo à matança da mãe, real e simbólica. Impõe-se aqui fazer um recorte cronológico, ainda que sem demarcar as datas exatas quanto ao processo de desqualificação da mulher.

Uma vez mapeado o problema sobre as causas do matricídio, lança-se a hipótese do nexo entre tal fenômeno e a emergência de Jair Bolsonaro. Com isso amplia-se a compreensão de sua vitória eleitoral (2018), indo além dos fatores apontados pela crónica jornalística. 

Em uma de suas cartas a Karl Marx, Friedrich Engels escreveu que Charles Fourier antecipou Lewis Henry Morgan acerca da equidade dos sexos, mencionando “matertarae filia”, patrimonium = poder patriarcal, inclusive a importância do nascimento das crianças.

O progresso da família é medido pela liberdade da mulher. Etnological Notes. De 1880 a 1980 Marx reviu toda a etnologia publicada até então. Morreu um ano depois em 1983. Teve a sorte de nunca ter ouvido falar no machildo bolsoneco Arthur Lira que governa o Brasil de Lula.