domingo, 1 de novembro de 2020

O exímio historiador Leonel Brizola que não foi reconhecido como tal


Texto de Waldo Matos Martins

Atenção, leitor: estamos nos referindo ao historiador Leonel Brizola, tal qual Lenin e Trotsky escreveram a história da Revolução Russa.

Leon Trotsky escreveu num de seus últimos livros que Lenin não criou uma teoria do leninismo, e sim interpretou e aplicou na prática política as ideias de Karl Marx e Friedrich Engels, os autores de O Manifesto Comunista. Leonel Brizola, filho espiritual (Jango também o foi) de Getúlio Vargas, também não criou uma teoria do brizolismo. A diferença é que Lenin chegou ao poder e morreu nele em 1924. 

Durante sua vida Karl Marx não viu o surgimento do imperialismo, enquanto Leonel Brizola sofreu um golpe de Estado em 1964 orquestrado por Washington que o impediu de ser presidente da República a fim de reatualizar as diretrizes básicas da Carta Testamento. Essa Carta para ele foi o grande ensinamento sobre o imperialismo. Todo dia a consultava transido de admiração. 

O que Gilberto Felisberto Vasconcellos observa com absoluta originalidade é que no trabalhismo getuliano havia mais combatividade anti-imperialista do que nos autores marxistas. Leonel Brizola nasceu do ponto de vista político anti-imperialista em 1945. A compreensão do presente como história, a essência do método marxista segundo György Lukács, encontra-se na reflexão de Leonel Brizola quanto à sua própria tragédia: ele tinha todas as condições subjetivas para chegar ao poder para transformar a sociedade brasileira. Não sabemos se leu James Joyce quando este escreveu o seu romance Ulisses e a história é um pesadelo. Baita pesadelo com a ditadura de 1964 e sua retomada com Jair Bolsonaro apoiado pelos milicos entreguistas.

Depois de 1979, voltando do exílio, reciclou-se o quanto foi possível diante de uma conjuntura refratária com televisão, sem perder o rigor trabalhista. Fizeram de tudo para cortar seu sonho, seu desejo, sua missão, que nunca foi absolutamente passeio narcísico ou hedonista tal qual a curtição de FHC e Lula com as galas e os gozos mundanos do poder. O leitor ficará atônito não com as revelações, mas sim com a audácia na maneira de Gilberto Felisberto Vasconcellos focalizar um dos maiores líderes revolucionários da América Latina. Governador do Rio Grande do Sul, em conversa assídua com Paulo Schilling, refletiu sobre o que lhe parecia o ângulo do imperialismo: as “bombas de sucção” que rapinam nossas riquezas para fora, antecipando a futura expressão “perdas internacionais”. 

Essa expressão designa com exatidão o que o vende-pátria Paulo Guedes está drenando os frutos do trabalho do nosso povo para engordar as multinacionais. O grande historiador, como dizia Isaac Deutscher, tem alguma coisa de assombroso quando preludia o que vai acontecer no futuro. Isso se deu com Leonel Brizola historiando os acontecimentos de que participou durante 50 anos de história do Brasil.

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