sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Pauliceia Prostituta e Marçal Pablo

  


Favela Capão Redondo de São Paulo

As ciências sociais têm dificuldade em construir uma teoria que explique a sedução dos evangélicos e dos charlatães da Bíblia. Antes de tudo a pergunta até hoje irrespondível: o que é que o homem brasileiro não acredita? Não basta a ética exposta de Edir Macedo, Malafaia e Marçal. Não basta invetivá-los como exploradores dos pobres e desvalidos. 

A raiva analítica não deve deixar de lado o mecanismo que seduz as massas populares. Lembra-me Wilhelm Reich com o seu livro sobre Hitler, A Psicologia de Massa do Fascismo: a sexualidade que leva à personalidade autoritária a desejar o tirano ou a quem engana o bolso do pobre como o finado Silvio Santos, ou senão os aproveitadores dos dízimos extraídos do subproletariado parvo. 

Engenhosidade esperar uma guerra entre os barões do charlatanismo acusando o rendimento de cada um, como se Marçal fosse uma dissidência de Edir Macedo. 

Guilherme Boulos, o filho obediente de Lula, não tem a malícia agressiva o suficiente para combater a máfia do mal, uma vez que ele está desprovido de uma teoria explicativa sobre a gênese social dos enganadores do povo, portanto não sabe onde está o ponto fraco do inimigo. 

É um vexame conceitual supor que Marçal Pablo seja uma teoria extraordinária do capitalismo empresário para deter o segredo da pauliceia prostituta. 

Há consenso na classe dominante em São Paulo em torno de uma candidatura que não faz uso da caridade cristã. O alvo do seu programa não está em pleno emprego, e sim na existência do dinheiro. O milagre do dinheiro. Uma multiplicação milagrosa do dinheiro. 

A escola primária não deve priorizar as letras, e sim a introjeção infantil do dinheiro, ou seja, cada guri é um empreendedorista, assim como a Xuxa inaugurou o cabaré das crianças na TV Globo. 

O fetiche alucinado da mercadoria. O tesão pelo dinheiro. Essa é a lógica das eleições que atrai o povo pobre. Marçal Pablo é incisivo quanto à personalidade egóica a ser seguida: vote em mim que você fica rico. Não é diferente da mensagem dos pastores que vão sozinhos para o céu, não levam ninguém, nem pai, nem mãe, nem hora de futebol. 

Eu vou 

para o céu 

sozinho

O espetáculo é o Deus em mim transformado em candidato para fazer o corpo do pobre dinheiro.

 Edir Macedo não chegou tão longe. 

Blasfemo! Blasfemo! Blasfemo!

 Marçal Pablo, não importa se ganha ou não para prefeito, é uma expressão da hegemonia da internet na direita.

A palavra “socialismo” tornou-se algo antipopular e anti-humanista, idem a palavra “esquerda”, não apenas por influência das vozes evangélicas. Eis o espetáculo na política: o que aparece é bom e o que é bom não deixa de aparecer. 

 


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