Favela Capão Redondo de São Paulo
As ciências sociais têm dificuldade em construir uma teoria que explique a sedução dos evangélicos e dos charlatães da Bíblia. Antes de tudo a pergunta até hoje irrespondível: o que é que o homem brasileiro não acredita? Não basta a ética exposta de Edir Macedo, Malafaia e Marçal. Não basta invetivá-los como exploradores dos pobres e desvalidos.
A raiva analítica não deve deixar de lado o mecanismo que seduz as massas populares. Lembra-me Wilhelm Reich com o seu livro sobre Hitler, A Psicologia de Massa do Fascismo: a sexualidade que leva à personalidade autoritária a desejar o tirano ou a quem engana o bolso do pobre como o finado Silvio Santos, ou senão os aproveitadores dos dízimos extraídos do subproletariado parvo.
Engenhosidade esperar uma guerra entre os barões do charlatanismo acusando o rendimento de cada um, como se Marçal fosse uma dissidência de Edir Macedo.
Guilherme Boulos, o filho obediente de Lula, não tem a malícia agressiva o suficiente para combater a máfia do mal, uma vez que ele está desprovido de uma teoria explicativa sobre a gênese social dos enganadores do povo, portanto não sabe onde está o ponto fraco do inimigo.
É um vexame conceitual supor que Marçal Pablo seja uma teoria extraordinária do capitalismo empresário para deter o segredo da pauliceia prostituta.
Há consenso na classe dominante em São Paulo em torno de uma candidatura que não faz uso da caridade cristã. O alvo do seu programa não está em pleno emprego, e sim na existência do dinheiro. O milagre do dinheiro. Uma multiplicação milagrosa do dinheiro.
A escola primária não deve priorizar as letras, e sim a introjeção infantil do dinheiro, ou seja, cada guri é um empreendedorista, assim como a Xuxa inaugurou o cabaré das crianças na TV Globo.
O fetiche alucinado da mercadoria. O tesão pelo dinheiro. Essa é a lógica das eleições que atrai o povo pobre. Marçal Pablo é incisivo quanto à personalidade egóica a ser seguida: vote em mim que você fica rico. Não é diferente da mensagem dos pastores que vão sozinhos para o céu, não levam ninguém, nem pai, nem mãe, nem hora de futebol.
Eu vou
para o céu
sozinho
O espetáculo é o Deus em mim transformado em candidato para fazer o corpo do pobre dinheiro.
Edir Macedo não chegou tão longe.
Blasfemo! Blasfemo! Blasfemo!
Marçal Pablo, não importa se ganha ou não para prefeito, é uma expressão da hegemonia da internet na direita.
A palavra “socialismo” tornou-se algo antipopular e anti-humanista, idem a palavra “esquerda”, não apenas por influência das vozes evangélicas. Eis o espetáculo na política: o que aparece é bom e o que é bom não deixa de aparecer.
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