sábado, 7 de novembro de 2015

Gilberto Felisberto Vasconcellos


Gilberto Felisberto Vasconcellos

Por Elaine Tavares

Gilberto Felisberto Vasconcellos nasceu em 1949 na pequena cidade de Santa Adélia, interior de São Paulo, uma lugar que só vingou por conta de que por lá passou o traçado da estrada de ferro. Por isso, talvez, esse guri, filho do médico sanitarista Zolachi e da professora Adelaide, não poderia ter outro olhar que não esse que lhe é peculiar: o olhar da santa loucura, essa loucura de mirar horizontes não vislumbrados pela maioria.

Precoce nas letras, estudioso contumaz, ele é escritor, professor, sociólogo e provocador. Se parece muito com a primavera, esse tempo da explosão da beleza, a explosão das cores, a explosão da vida. Assim é o Gilberto, uma explosão. Perto dele, nada fica em pé. Ele grita, gesticula, xinga, mas, se prestarmos bem atenção vamos perceber a profunda ternura que desagua nesse fervoroso amor pelas coisas do Brasil. Glauber, mandioca, Guerreiro Ramos, Major Quaresma, Bautista Vidal, Osvald de Andrade, Darcy, Brizola, Pagu, são alguns dos seu amores.

No dia em que eu o conheci ele gritava sobre alguma coisa ou alguém, bradando pelo sol.  O soooool. De cara, ele me estressou. Mas, bastou apenas um minuto a mais para que eu compreendesse que o seu grito era a maneira mais singela de chamar a atenção para as coisas desse imenso país.

Da sua obra, que é vasta e perturbadora, saltam o curupira, o saci, a xuxa, o Collor, o príncipe da moeda, o cabaré das crianças, a ruína do real, o poder dos trópicos, o Glauber, as receitas de fartura para o povo brasileiro, os trópicos, as verdades desconhecidas, o Brasil endividado, Getúlio Vargas, Leonel Brizola, Gunder Frank, o folclore, os cafundós. Parece que ele pode falar de tudo. E pode.

Sua especialidade é encontrar enguiços, nas ciências, no cinema, na literatura, no mundo. Ele encontra os enguiços e os aponta com um jeito todo seu. A obra de Gilberto Felisberto Vasconcellos é um mar generoso e piscoso. Um universo de brasilidades e de assombramentos.

Hoje, ele é professor na Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, de onde partem seus torpedos semanais para a Revista Caros Amigos, e seus artigos profundos sobre a cultura e a vida brasileira.


Os livros seguem brotando, afiados, necessários, urgentes, tal qual ele mesmo. Um homem que movimenta as águas, que trepida o mundo e generosamente espalha sua genialidade.

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