Gilberto Felisberto Vasconcellos
Por Elaine
Tavares
Gilberto
Felisberto Vasconcellos nasceu em 1949 na pequena cidade de Santa Adélia,
interior de São Paulo, uma lugar que só vingou por conta de que por lá passou o
traçado da estrada de ferro. Por isso, talvez, esse guri, filho do médico
sanitarista Zolachi e da professora Adelaide, não poderia ter outro olhar que
não esse que lhe é peculiar: o olhar da santa loucura, essa loucura de mirar
horizontes não vislumbrados pela maioria.
Precoce nas
letras, estudioso contumaz, ele é escritor, professor, sociólogo e provocador.
Se parece muito com a primavera, esse tempo da explosão da beleza, a explosão
das cores, a explosão da vida. Assim é o Gilberto, uma explosão. Perto dele,
nada fica em pé. Ele grita, gesticula, xinga, mas, se prestarmos bem atenção
vamos perceber a profunda ternura que desagua nesse fervoroso amor pelas coisas
do Brasil. Glauber, mandioca, Guerreiro Ramos, Major Quaresma, Bautista Vidal,
Osvald de Andrade, Darcy, Brizola, Pagu, são alguns dos seu amores.
No dia em que
eu o conheci ele gritava sobre alguma coisa ou alguém, bradando pelo sol.
O soooool. De cara, ele me estressou. Mas, bastou apenas um minuto a mais para
que eu compreendesse que o seu grito era a maneira mais singela de chamar a
atenção para as coisas desse imenso país.
Da sua obra,
que é vasta e perturbadora, saltam o curupira, o saci, a xuxa, o Collor, o
príncipe da moeda, o cabaré das crianças, a ruína do real, o poder dos
trópicos, o Glauber, as receitas de fartura para o povo brasileiro, os
trópicos, as verdades desconhecidas, o Brasil endividado, Getúlio Vargas,
Leonel Brizola, Gunder Frank, o folclore, os cafundós. Parece que ele pode
falar de tudo. E pode.
Sua
especialidade é encontrar enguiços, nas ciências, no cinema, na literatura, no
mundo. Ele encontra os enguiços e os aponta com um jeito todo seu. A obra de
Gilberto Felisberto Vasconcellos é um mar generoso e piscoso. Um universo de
brasilidades e de assombramentos.
Hoje, ele é
professor na Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, de onde partem
seus torpedos semanais para a Revista Caros Amigos, e seus artigos profundos
sobre a cultura e a vida brasileira.
Os livros
seguem brotando, afiados, necessários, urgentes, tal qual ele mesmo. Um homem
que movimenta as águas, que trepida o mundo e generosamente espalha sua
genialidade.
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