sexta-feira, 18 de maio de 2018

Socialismo limpo, capitalismo sujeira




A tarde do terceiro dia de Jornadas Bolivarianas, do IELA, foi a hora de reverenciar um velho companheiro, um valoroso parceiro na luta por um mundo melhor: Bautista Vidal. Cientista brasileiro, baiano de nascimento, engenheiro e físico de profissão que, com Urbano Ernesto Stumpf, idealizou o motor a álcool, uma importante inovação na área da energia, que só existe no Brasil.

Bautista, talvez a mais importante figura brasileira no campo da energia, responsável pela implantação de 30 instituições de pesquisas e centros tecnológicos, no Brasil.

O trabalho que desenvolveu nos últimos anos de vida foi o de andar pela América Latina, tentando convencer os governos ditos progressistas que assomavam, a investir em mais uma de suas ideias geniais: a biomassa. Ele entendia que o Brasil, em particular, e os trópicos em geral, tinham a maior fonte de energia limpa e inesgotável, capaz de fazer funcionar o mundo. Essa energia é o sol, que interagindo com a água e a floresta gera a biomassa. Bautista falou com Lula, falou com Chávez, falou com Fidel, mas sua proposta não encontrou eco. Morreu em junho de 2013, sem ver seu sonho realizado.

Bautista era ele mesmo uma espécie de sol. Iluminava tudo à sua volta com uma energia inesgotável. Falar do Brasil, de soberania e de energia era seu negócio. E era só começar a falar que já se inflamava, rosto em fogo, dedo em riste. Um Brasil independente vivia na sua cabeça e no seu coração. Esperava por isso, queria isso. Não viu.

Seu parceiro de sonhos e realidades foi o sociólogo Gilberto Felisberto Vasconcellos, com quem, inclusive, escreveu alguns livros falando da maravilha dos trópicos e as possibilidades da biomassa. E foi Gilberto quem tirou das brumas do esquecimento as ideias de Bautista Vidal agora nesse 2018. O filme “Socialismo limpo, capitalismo sujeira” joga para a tela grande a utopia – possível e necessária – de Bautista Vidal.

E em pouco menos de uma hora a gente volta a ouvir a voz retumbate e a ver o rosto abrasado de amor e de esperança, típicos de Bautista. E a gente se emociona, e a gente se enraivece. Porque a gente sabe que as ideias dele não eram sonhos ao vento, mas possibilidades concretas delineadas a partir da ciência dura. O sol. O sol. O sol. O sol/cialismo. A energia fluindo e inundando o Brasil e o mundo, sem sujeira, sem morte, sem guerra.

O filme de Gilberto Felisberto Vasconcellos está aí, para ser visto, re/visto, debatido, discutido. Na sua estética peculiar, na simplicidade, na fortaleza, na potência do discurso. Biomassa. Energia limpa. Brasil soberano. É mais do que uma homenagem ao velho cientista, é um brado de esperança.

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