quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Bolsonaro Bolsonero that’s the question


Cena do filme Roma, de Pier Paolo Pasolini

Imperador Nero & capitão Bolsonaro

Bolsonero

Não é trocadilho

Tacar fogo no povo

Genocídio

Armas de Israel

Taca fogo na pretaiada

Taca fogo nas vadias

Taca fogo nos índios 

Adolf Hitler foi muito bem votado entre os protestantes. Talvez tenha sido mais votado, não entre os ricos e pobres, mas na classe média, ou seja, a pequena burguesia enlouquecida de que falava Leon Trotsky. Sem burguesia tosca, agressiva e pirada não existe fascismo.

A pequena burguesia semi-analfabeta é gente que freqüenta a barulheira dos arraiais evangélicos. Com Bolsonaro aumenta-se o barulho, a surdez motoca é valorizada, e na acústica já não é possível distinguir Globo e Record.

O bispado católico no Rio de Janeiro está passeando com Bolsonaro em carrões de luxo. A clivagem evangélico/católico não pode ser feita com base na grana e nos signos da realidade. É a feijoada católico-evangélica promovida pela financeirização do capital.

O Papa Francisco argentino foi escolhido para se opor a Edir Macedo cada vez mais na parada de sucesso na América Latina. Ele é odiado pela Igreja Universal do Reino de Deus e pelos correligionários de Bolsonaro. Os evangélicos são os “robôs do bem” e o Papa Francisco um bolchevique comunista perigosíssimo.

O Papa Francisco é tido como um marxista subversivo porque falou mal das desigualdades do capitalismo. Há quem diga que, baseado na teoria patriarcal da conciliação, a Igreja Católica não será derrotada com a vitória de Jair Bolsonaro. Certamente serão convivas no chá da cinco com glórias e louvores.

Não teve agito algum no Vaticano para mandar o Papa Francisco panfletar Copacabana contra o Bishop Edir Macedo. Não houve e não há e, talvez não haja em curto prazo, entrevero da teologia do povo com a teologia da prosperidade, que é a muleta do empreendedorismo de Bolsonaro e de Dória, o histérico anticomunista ex-prefeito de São Paulo.

Enganam-se aqueles que, por dentro do populismo nacionaloide de direita de Steve Bannon, supõem um regime militar com capitalismo de Estado. Nada disso. Bolsonaro é anti-Chávez.

O Capitão da Barra da Tijuca é um redivivo Dutra entusiasta do imperialismo norte-americano. Desconhece e despreza Simón Bolívar por este ter sido militar descolonizado. O bode expiatório de Steve Bannon é o Islã. O bode expiatório de Bolsonaro é a Venezuela.

Hugo Chávez teve apoio das Forças Armadas. Estas na Venezuela não padecem do anti-comunismo vulgar e obscurantista.

Demonizaram a Venezuela como um fantasma com medo do soldado brasileiro se empolgar pelo bolivarianismo.

Para mim Hugo Chávez é um personagem do cinema glauberiano. A Pátria-Grande de Bolívar era o que Glauber Rocha queria para as Forças Armadas em 1974, enviando recado para Ernesto Geisel. Viva o Exército como vanguarda do povo.

Os conhecedores do Exército brasileiro foram o marxista Nelson Werneck Sodré e o antiimperialista Bautista Vidal, que era amigo do brigadeiro nacionalista Sérgio Ferolla. Por conseguinte, eu não compartilho do preconceito anti-militar. Sou anti-militarista mas não sou anti-militar. Um país rico como o nosso não pode ficar desarmado.

Sem Simón Bolívar o Exército brasileiro é um Exército da ocupação imperialista. Entrevistem Cacá Diegues na Academia Brasileira de Letras para saber a oposição de Glauber Rocha às Forças Armadas udenizadas com o general Golbery do Couto e Silva plagiando a geopolítica imperialista do norte-americano Nicholas John Spykman.

O leviano João Dória atreve-se a dizer que a essência da democracia é a privatização. Quanto mais privatização e quanto menos burocracia mais decresce a corrupção. Essa sua palhaçada teórica revela que ele não foi aluno de Fernando Henrique Cardoso. Não aprendeu que a privatização correu solta com Hitler na Alemanha. Hitler desmantelou o Estado. Hitlerismo não é senão economia desestatizada. A essência do nazismo é a hipertrofia da privatização.

O ponto de partida da saga Bolsonaro é o 64 anti-brizolista. Atormentado com a barbárie na Alemanha, Theodor Adorno queria saber o motivo do voto dos alemães em Hitler, e foi buscar a gênese do nazismo na dialética do iluminismo que começa na Grécia de Homero.

Quem pavimentou a estrada de Jair Bolsonaro? Quem são os seus artífices culturais? Onde se encontra a tara posta em Bolsonaro?

Talvez no orgasmo da fome jejuado pela Igreja Universal Reino de Deus. Não esqueçam que Wilhelm Reich, em sua psicologia do fascismo, mostrou quão patológico era o desejo que votou na repressão de Hitler.

Terá chegado agora a hora de atualizar o passaporte?

Um comentário:

  1. "Quem pavimentou a estrada de Jair Bolsonaro? Quem são os seus artífices culturais? Onde se encontra a tara posta em Bolsonaro?"
    A Lava Jato em conluio com a Rede Globo, de tanto criminalizarem a política nesses anos todos. Algo similar ao que se viu na Itália nos anos 1990 por meio da Operação Mãos Limpas, que por meio de processo similar não só pariu como também abriu o caminho para o Silvio Berlusconi se tornar premiê da nação peninsular.

    ResponderExcluir