quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Eleição psicótica: o bolsonarismo é a farsa no céu de Crivela e Edir Macedo



Signo de mutação psicocultural no Rio de Janeiro foi a vitória de Crivela. O que rola é peleja ou conchavo entre Globo e Record? Disputa pela audiência. Burguesias comerciais, rentistas, proprietárias dos meios de comunicação, enfim, burguesias improdutivas. Prematuro é anunciar o réquiem à TV Globo, embora esta não possua adeptos e fiéis, apenas espectadores que são voláteis, e não beatos.

O bishop Crivela não reza para a rede Globo. Esta tem sua sede no Rio de Janeiro, Record em São Paulo. Não se trata do entrevero que houve entre Globo e Leonel Brizola. Reinava em Brasília José Sarney, muy amigo do doutor Roberto Marinho.

 O PSOL carioca não é um partido com perfil anti-TV. Para essa patota pós-moderna a mídia é politicamente neutra e, a depender das circunstâncias, a TV dominante pode empurrar as causas progressistas.

A tácita concordância com o poder midiático converte a atitude do PSOL quanto ao gênero sexual em uma atitude abstrata ao negligenciar a luta de classes. Afinal, as relações de gênero estão imbricadas no processo de acumulação de capital e de super exploração da força de trabalho.

A mulher integra a classe trabalhadora, muitas vezes trabalhadora não paga. A mulher faz parte da economia informal e do exército industrial de reserva. O feminismo marxista tem de atentar para a manipulação pornô e cosmética, e para o motivo pelo qual a mulher pobre ou pequena burguesa é seduzida pelas mensagens evangélicas, que vota em Jair Bolsonaro. Menos deplorável não é o sexismo dos programas televisivos embalados com música popular pop.

Já foi dito que o verdadeiro desejo dos candidatos do PSOL é cantar e saracotear no Canecão, e não tomar o poder. Convém não deslembrar que o PT, do qual descende o PSOL, teve a Rede Globo como companheira de viagem contra Leonel Brizola. O PSOL poderá palmilhar o mesmo caminho mazoca e suicida se ficar compadre da Rede Globo contra os evangélicos.

Dizia Frederico Engels que na família o homem era o burguês; a mulher, proleta. A criança, o pai do homem, não comove a programática do PSOL; de resto, também não concerne aos pastores porque a criança não tem grana para cacifar o dízimo.

A igreja não é menos patriarcal que a TV capitalista. Descontado o charlatanismo de Bolsonaro, que se vale astuciosamente do gay para fins eleitorais, o ódio reacionário ao homossexual é um fenômeno interclassista.

O corpo homossexual não é uma entidade acima da contradição entre capital e trabalho.
Com passeata gay e TV Big Brother o amor homossexual não é mais o amor escandaloso contra a lei. A sexofobia evangélica é de araque, pois nada impede que no poder seja ativado um Cristo traveco.
A católica rede Globo não é sexófoba, mas nem por isso deixa de ser de direita. A burguesia é misógina, a mulher é considerada cidadã inferior.

No supermercado o grã-fino tucano passa o cartão para a moça no caixa e não está nem aí se ela está fazendo o trabalho de dois trabalhadores. A solução dos problemas sociais está na reza que faz chover dinheiro, alardeiam os pastores ruidosos com boca de motoca.

Em 1974 Pasolini viu a decadência da caridade. A melhor coisa dos católicos não é a fé nem a esperança, todavia a caridade virou pragmática e cínica. A Igreja não foi fundada por São Pedro bonachão, e sim pelo malandro São Paulo.

Edir Macedo, proprietário e teólogo da mercadoria das almas, colocou o seu sobrinho Crivela na prefeitura do Rio de Janeiro, plenamente convencido que possui a sabedoria de Salomão e a arma sionista.

No templo de Salomão, o mini Vaticano em São Paulo, desenha-se o projeto do príncipe capitão em Brasília. Surgidos depois de 1964, os discípulos de Edir Macedo não se preocupam em combater o socialismo e o marxismo, mas em cultuar e propagar a imagem do inferno. O céu é plutocrata.

Revejam o nexo entre Cristo e moeda, o intercâmbio Deus-Jesus-Santo-Sacerdote-Televisão. A sacola evangélica forrada de dinheiro é a mesma da equivalência liberal empreendedora: um belo dia os operários serão capitalistas. Todos temos o direito de nos hospedar no Hilton Hotel. A cabeça beata deseja a punição bolsonara.

Há que punir os pobres, que não é senão o reverso de “cuidar das pessoas”, o mote filantrópico do pastor Crivela. As igrejas (todas as igrejas) não distinguem quem vive de lucro e quem vive de salário. O salário é limitado, não o lucro. Pastor piedoso é oximoro porque o pobre vive para gerar o rico.

Os princípios sociais do cristianismo justificaram a escravidão antiga, glorificaram a servidão medieval, assim como defendem a opressão do proletariado. Os ágapes ensurdecedores dos evangélicos são capitalistas. O lema do rentismo é lucrar sem produzir.

Há pastores por ai vendendo lotes no céu a prestação. É inconcebível religião anticapitalista. Inimaginável um evangélico transido de fé que seja de esquerda e humanista. Se pudesse o teólogo Lutero teria capado Epicuro, o filósofo grego do conceito para quem o mundo era seu amigo.



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